Como ser um suporte para alguém
- Denise Raissa Psicóloga

- 23 de set. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 25 de mar. de 2021
Orientações sobre como oferecer suporte para uma pessoa com problemas de saúde mental.

Muitos de nós temos dúvidas sobre o que fazer diante de alguém em sofrimento e podemos achar que alguns de nossos esforços em ajudar não estão ajudando de fato, bem como podemos não saber quando se deve buscar ajuda profissional. Assim, sem saber onde buscar as informações e orientações mais adequadas é comumente que as pessoas se sintam impotentes e angustiadas diante de uma pessoa querida de sofre. Pensando nisso, elaborei mais esta postagem com algumas orientações direcionadas para as pessoas que buscam compreender como manejar e lidar com um amigo/familiar com problemas emocionais e de saúde mental, ou seja, para quem busca ser um suporte para outra pessoa.
Importante!
Como cada pessoa é única e cada relação tem suas particularidades, as orientações a seguir são apresentadas como possibilidades, ou seja, são sugestões que podem servir para alguns casos, assim como podem ser adequadas conforme a situação e contexto.
1. Reconhecer se alguém está adoecendo
Devido ao desconhecimento de alguns sinais e sintomas, tendemos a ter dificuldade de perceber que alguém está desenvolvendo ou enfrentando um estado de adoecimento emocional e assim buscar ajuda. Sendo assim, apresento abaixo uma lista de sinais e sintomas que, intensos e frequentes, podem ocasionar perdas nas atividades do dia-a-dia, o que sugere um adoecimento que vise compreensão dos demais ao redor e reconhecimento da necessidade de ajuda profissional:
Alterações no sono (dificuldade para dormir, ou dormir em demasia com frequência)
Preferência pelo isolamento e distanciamento de amigos e familiares
Irritabilidade fácil e exagerada às situações do contexto
Pensamento acelerado
Medo repentino e excessivo relativo a algo
Tremores involuntários nos braços e pernas
Choro frequente sem causa específica
Mudança brusca de comportamento e de humor
Quando as pessoas têm conhecimento de que alguém apresente alguns desses sintomas de modo intenso e com frequência durante um longo período, apresentam-se de forma mais compreensiva ao outro, além de buscar orientações para manejo e como ajudar essa pessoa a buscar ajuda. Assim, tende-se a prevenir que se chegue em estados mais graves e de intenso sofrimento, de modo que ao cuidar desses sinais e sintomas quando começam a se intensificar, previne-se que se chegue a desenvolver um transtorno mental, ou tenha crises, bem como também pode prevenir que a pessoa venha a atentar contra a sua própria vida.
2. Tentar conversar com a pessoa sobre como você a percebe
Em alguns casos, as pessoas não percebem as alterações no seu comportamento e comumente associam as dificuldades em executar suas atividades somente a falta de organização, preguiça, indisposição, cansaço e falta de tempo. Logo, conversar e pontuar sobre o que você percebeu de mudança, alterações e de prejuízos que a pessoa está tendo no momento pode ajudá-la a se perceber e refletir sobre sua condição e assim abre-se a possibilidade de buscar ajuda profissional. Importante saber que esta possibilidade está sujeita a depender da relação que se estabelece com a pessoa, bem como o momento exato para dizer e como dizer irá depender desta relação e do contexto.
3. Se oferecer para ajudar/acompanhar na busca de tratamento
Algumas pessoas têm dificuldades de buscar ajuda por si mesmas, principalmente pelo sentimento de insegurança, inadequação e medo de julgamento dos demais a sua volta. Caso seja possível, oferecer-se para ajudar onde buscar tratamento e acompanhar a pessoa no atendimento psicológico/psiquiátrico podem contribuir com que a pessoa realize e continue tratamento, de modo a se consolidar um suporte e uma referência de confiança para quem está no momento vulnerável.
4. Estar atento para seus próprios limites
Lidar com pessoas que estão com problemas emocionais e de saúde mental é um desafio e pode ser difícil a depender da pessoa e do quadro que ela apresenta, principalmente devido as alterações de humor e comportamento, então considerando isso, você deve estabelecer com a pessoa limites para alguns comportamentos. Trata-se de uma decisão pessoal e deve ser feita com cautela, também depende da relação estabelecida com a pessoa. Tenha cuidado para não aceitar abusos emocionais, físicos, verbais, financeiros simplesmente porque a pessoa está doente. Ao estabelecer limites por meio de diálogo possibilita com que se estabeleça um respeito mútuo e confiança, bem como colabora com que a pessoa perceba suas alterações e como está interferindo na relação com os outros a sua volta. Ter esse tipo de atitude também caracteriza-se como de suporte.
Uma possibilidade é dialogar a respeito do comportamento que o preocupa e fazer um pedido para que a pessoa se perceba e evite repetir essa atitude futuramente, é importante apontar os benefícios que serão adquiridos para ela, para você e as demais pessoas com quem ela se relaciona. Também é importante pontuar as consequências de algumas atitudes que a pessoa venha a ter, procure evitar dizer isso de modo punitivo ou impositivo, o objetivo é que a pessoa se dê conta de que o que faz e escolhe afeta a si mesma e outras pessoas.
Importante!
Pode ser difícil e cansativo lidar com pessoas que têm problemas de saúde mental, assim pode ser que você não receba o retorno da forma que espera e pode vir a sentir frustração e impotência. Então, você também deve estar atento ao seu próprio estado emocional para continuar oferecendo ajuda e suporte a alguém senão pode acabar adoecendo também. Sendo assim caso você se sinta esgotado, angustiado e incapaz de ajudar alguém, deve buscar ajuda profissional para você também. É comum que pessoas que são cuidadoras e parte da rede social de apoio venham a precisar de apoio psicológico por conta de lidar com alguém em sofrimento.
Referências utilizadas para construção do texto:
Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos – ABRATA (2011). Ansiedade – Manual Informativo. São Paulo: PlanMark.
Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos – ABRATA (2011). Depressão – Manual Informativo. São Paulo: PlanMark.
Berk, Lesley (org.) (2011). Guia de cuidadores de pessoas com transtorno bipolar. São Paulo: Segmento Farma.
Quem escreve

Denise Raissa Lobato Chaves é psicóloga, especialista em Saúde Mental e tem experiência na prevenção e tratamento de transtornos mentais. Realiza psicoterapia online e presencial com adultos e adolescentes em Belém-PA. Visualizar perfil completo Contato: deniseraissapsi@gmail.com | (91)982328267





Comentários