top of page

Como ajudar seu amigo com ansiedade

  • Foto do escritor: Denise Raissa Psicóloga
    Denise Raissa Psicóloga
  • 16 de set. de 2020
  • 5 min de leitura

Atualizado: 25 de mar. de 2021

Orientações sobre como manejar e dar suporte a uma pessoa que sofre de ansiedade.

ree

A ansiedade é uma reação normal a contexto e estímulos que venham causar medo, cujos sintomas, como: apreensão, desconforto, taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos), dor no peito, aumento da frequência respiratória. Para ser considerada patológica, a pessoa deve sentir os sintomas de ansiedade de modo intenso e frequentemente – crises – sem que existam motivos objetivos, reais e proporcionais. Assim, quem apresenta as crises de ansiedade não consegue controlar seus sintomas mesmo que perceba e reconheça que sua reação não é justificável ou condizente com o que está acontecendo em sua vida. Em vista disso, amigos, cuidadores e familiares em muitas vezes não sabem como lidar quando uma pessoa próxima passa por momentos de crise de ansiedade e pouco compreendem algumas ações e pensamentos que pessoas têm. Pensando nesta situação associada às minhas experiências pessoais e no trabalho com a Psicologia, resolvi construir esta postagem e apresentar algumas orientações sobre manejo e como agir.


Importante!

Como cada pessoa é única e cada relação tem suas particularidades, as orientações a seguir são apresentadas como possibilidades, ou seja, são sugestões que podem servir para alguns casos, assim como podem ser adequadas conforme a situação e contexto.

1. Ajude a contornar a crise de ansiedade

Muitas pessoas que sofrem crises de ansiedade sentem subitamente sem conseguir relacionar com o que está causando e sentem medo de julgamento, assim pode-se ajudar reconhecendo os sintomas de modo que não crie uma comoção ou uma situação na qual a pessoa venha a se sentir constrangida. Uma possibilidade é agir com calma e sem rapidez, também deve-se fazer algumas perguntas a respeito de como a pessoa está sentindo e o que está pensando. Geralmente quando a pessoa está apresentando a crise tem pensamentos como “vou morrer”, “está me dando um ataque cardíaco”, “tenho medo”, “alguma coisa ruim de repente vai acontecer”. Logo, uma possibilidade ajudar a contornar a crise é ajudando a pessoa a sentar ou ficar parada e dizer algumas sentenças como “é uma crise de ansiedade, vai passar”, “você não vai morrer”, “você vai ficar bem”, “você não está sozinh@, estou aqui ao seu lado”, “não vai acontecer nada de ruim, vamos esperar e você vai ter certeza”.


2. Não repudie ou critique reações exageradas que a pessoa venha a ter

Como dito anteriormente, a pessoa não tem controle do que pensa ou sente quando ocorrem as crises de ansiedade, assim ela tente a ter reações desproporcionais ao que está acontecendo ou ao que está pensando, logo deve-se compreender que a situação é desta forma. Assim, fazer críticas ao comportamento e fazer censuras ao que a pessoa sente e pensa irá apenas fazê-la se sentir pior e pode até colaborar com que os sintomas se prologuem e fiquem mais intensos, portanto deve-se evitar ter esse tipo de atitude.


3. Ajude a pessoa a realizar um exercício de respiração

Um dos principais sintomas da crise de ansiedade é a respiração ofegante, sensação de falta de ar e aceleração dos batimentos cardíacos, assim para ajudar no manejo destes sintomas podemos ajudar a pessoa se sentar e realizar um exercício simples de respiração:

  • Primeiro, deve-se dizer a pessoa que não há nada acontecendo, que não há perigo, que ela não vai ter uma parada cardíaca ou morrer. Neste momento diga “Você está tendo uma crise de ansiedade”.

  • Acompanhar a pessoa até um local onde possa sentar e fazer a respiração.

  • Pedir para a pessoa parar um pouco e iniciar os comandos do exercício “Feche os olhos, inspire, depois expire”.

  • Durante a inspiração, deve-se contar até três e durante a expiração, deve-se contar até seis. Repetir esta etapa 3 ou 4 vezes, até que a pessoa consiga fazer sozinha.

  • Assim, enquanto a pessoa realiza o exercício de respiração, deve-se dizer algumas sentenças como “Você está ficando relaxad@”, “Você está se acalmando”, “Pense em um lugar tranquilo”, “Pense em um lugar que te traga paz”.

4. Evite realizar surpresas e sentenças como “depois eu digo do que se trata”

As pessoas que sofrem de ansiedade tendem a ter pensamentos pessimistas que não conseguem controlar a respeito das coisas em sua volta, principalmente com relação ao que não conseguem controlar ou o que é desconhecido, assim devemos evitar criar situações de suspense, surpresa ou avisar que algo irá acontecer com muita antecedência. Nesses casos é importante conversar com a pessoa e entender como ela lida com estas situações e verificar qual melhor forma de manejar estes eventos pois cada pessoa tem suas particularidades.


5. Dê espaço para que a pessoa fale de suas preocupações

Pessoas que sofrem de ansiedade tendem a ter pensamentos repentinamente e frequentemente a respeito de algo ou alguma coisa que possa vir a acontecer e geralmente são de conteúdos negativos, como por exemplo, pensar que estão incomodando, pensar que algo que disse/fez causou constrangimento, achar que as pessoas estão julgando-as de forma depreciativa, pensar que tal atitude que teve acabou por aborrecer as pessoas a sua volta, e outras. Sendo assim, é importante tentar compreender se a pessoa está tendo estes pensamentos no momento e em que contextos, de modo que ofereça um espaço acolhedor às suas preocupações que, em muitos casos, ajuda a diminuir a frequência e intensidade desses pensamentos pois a pessoa passa a ver que o que pensava não condiz com a realidade. Devido isso, pessoas com ansiedade costumam perguntar com frequência como os outros percebem suas ações: “o que eu fiz/disse lhe chateou?”, “você está com raiva de mim?”, logo é necessário ter um pouco de paciência e compreender que essas atitudes se justificam devido aos pensamentos involuntários.


5. Ajudar a consolidar uma rede social de apoio

Uma forma de ajudar que é muito importante é dar suporte à pessoa que sofre e colaborar com sensibilização de pessoas ao redor sobre a ansiedade, de modo que se possa falar sobre os sintomas e que os demais entendam como manejar e proceder caso alguém passe por uma crise de ansiedade, bem como facilitar com que possa buscar ajuda e tratamento adequado em saúde mental. A rede social de apoio tem função se suporte e também pode prevenir que pessoas venham desenvolver casos mais graves ao ter conhecimento sobre quando e como buscar ajuda.


As redes sociais de apoio podem ser definidas como a soma das relações que o indivíduo percebe como significativas e que podem contribuir para o enfretamento de situações vivenciadas por pessoas com necessidades de saúde. Esta rede pode ser composta de familiares, amigos, colegas de trabalho/escola e pessoas da comunidade.

Importante!

Pessoas que têm transtornos de ansiedade podem a não atender ligações ou responder mensagens com frequência ou de maneira mais disponível devido evitarem estar em contato com estímulos que as deixem ansiosas, então considerando isso, pode ser que você precise mudar algumas formas de entrar em contato e abordar o assunto. Assim, algumas reações e comportamentos que a pessoa venha a ter podem não ser por conta do que você disse ou ser algo pessoal, também irá depender da relação e do contexto. Se possível, deve-se buscar ajuda profissional quando se sentir muito esgotado ou se sentindo incapaz de ajudar. Sim, pessoas que são cuidadores e parte da rede social de apoio podem precisar de apoio psicológico uma vez que lidar com alguém em sofrimento pode ser um desafio muito grande.


Referências utilizadas para construção do texto:

Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos – ABRATA (2011). Ansiedade – Manual Informativo. São Paulo: PlanMark.

Brusamarello, Tatiana, Guimarães, Andréa Noeremberg, Labronici, Liliana Maria, Mazza, Verônica de Azevedo, & Maftum, Mariluci Alves. (2011). Redes sociais de apoio de pessoas com transtornos mentais e familiares. Texto & Contexto - Enfermagem, 20(1), 33-40.


Quem escreve

ree

Denise Raissa Lobato Chaves é psicóloga, especialista em Saúde Mental e tem experiência na prevenção e tratamento de transtornos mentais. Realiza psicoterapia online e presencial com adultos e adolescentes em Belém-PA. Visualizar perfil completo Contato: deniseraissapsi@gmail.com | (91)982328267


Comentários


© 2019-2025. Denise Raissa Psicóloga. CRP 10/05458. Belém, Pará, Brasil.

  • Branco Facebook Ícone
  • Branca Ícone Instagram
bottom of page